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O Cão que gostava de peixe de Carlos J. Barros

 

“O Cão que gostava de peixe”
É a mais recente obra do artista e autor do livro que vai ser apresentado na sala de leitura Bernardo Santareno em Santarém do dia 7 de Maio pela 18 horas.

“A perspectiva do Tejo olhado por entre a ramagem de uma oliveira. O verde – no seu bailado empurrado por uma breve brisa – que se envolve com o azul do rio que parece calmo. O vermelho dos telhados, sujo pela negritude do tempo. A geometria desalinhada das casas de uma pequena aldeia guardada pela Santa Iria. Tão antiga como o Mundo em que vivemos.”
Paulo vive entre dois mundos. Nem sempre a vida corre de feição; vive entre a incapacidade de sobreviver e o instinto de não se adaptar. “A vida pertence a um grupo de pessoas do qual não faço parte. Torna-se difícil respirar”.
Nesta cruzada interior, Paulo sente-se incapaz de compreender os poderes instalados a quem apelida de «filhos». No seu dia-a-dia percorre caminhos que o assustam, inclusive aqueles em que se revê: “Descobri que o sítio onde vivo não passa de uma (des)ilusão. Que tudo o que me rodeia é apenas isso: um erro. As pessoas caminham sem vida própria, num automatismo errante. Circulam como cifrões. Notas grandes sem valor. Apenas circulam de mão em mão. São dinheiro que se consome e que o tempo desvaloriza.”
Draku é o cão que lhe confere profundidade entre a dimensão onde se encontra: “Não somos todos iguais, nem todos somos dotados de uma inteligência aguçada. Era a conversa que gostaria de ter com o Draku, aliás, é a conversa que quero ter com ele. Só tenho que me adaptar a este falar de uma só direcção e aprender as suas reacções. Entender e explicar-lhe que preciso de o compreender. Tenho fome de aprender «coisas». Quando o trato pelo nome fica inerte, numa atenção principesca.
As outras personagens são mais do que fantasmas que assolam Paulo num pequeno espaço entre o patíbulo e a fantasia. Alexandre, um crápula aos seus olhos; a irmã, escrava da sua vida; Nuno, um poço de coragem; Soromenho, um anjo de guarda da Aldeia.
O cão que gostava de peixe é uma analogia do sofrimento de todos os portugueses perante as incertezas que os políticos constroem.

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