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Santarém debate Agricultura Sustentável

 

Santarém debate Agricultura Sustentável no 1º Fórum em Portugal

A primeira edição do “Fórum da Agricultura Sustentável” teve lugar na passada terça-feira, 14 de maio, na Sala Tejo do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA). Um evento organizado pelo ECO/Capital Verde em parceria com o Município de Santarém e com as empresas locais Asfertglobal e Entogreen, que contou com a participação de José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura, e que trouxe até à capital do Ribatejo especialistas em agricultura sustentável.

Nuno Russo, Vereador da Câmara Municipal de Santarém (CMS), com o Pelouro da Apoio ao Desenvolvimento Agrícola do Concelho, começou por dar “as boas-vindas ao CNEMA e a Santarém, Capital da Agricultura Nacional”, congratulando o “ECO / Capital Verde, pelo desafio da organização deste evento”, referindo que Santarém pretende “assumir um papel de liderança na discussão de todas as matérias de relevância para o desenvolvimento da agricultura no País”.

O Vereador aproveitou para falar dos dados do diagnóstico da realidade agrícola, pecuária, florestal e agroindustrial no concelho de Santarém. Uma “caracterização que servirá para elaborar uma Estratégia Futura e um Plano de Ação, que permitam identificar oportunidades que potenciem o investimento em vários setores, definindo o papel da CMS enquanto maior facilitador do desenvolvimento da agricultura no concelho e na região”, referiu.

Nuno Russo não tem dúvidas de que “um dos maiores desafios existentes é questão da água, pelo que é fundamental conhecer as conclusões do Estudo de Valorização dos Recursos Hídricos para a Agricultura no Vale do Tejo e Oeste, o denominado Projeto Tejo – O Alqueva do Ribatejo, pois estamos convictos que o aproveitamento hidroagrícola, em termos de projeto de investimento terá uma viabilidade e interesse positivos, do ponto de vista da análise económica e financeira, mas também do ponto de vista ambiental, como o combate às alterações climáticas, a promoção da biodiversidade, a regularização dos caudais do rio Tejo, a defesa contra as cheias e a cunha salina, o abastecimento de água, a produção de energia, e até a navegabilidade do rio, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento regional e nacional”, afirmou.

O Vereador considera que “outro desafio é a criação de um Centro de Excelência Agroalimentar, com vista à transição verde e digital do agroalimentar, para a sustentabilidade das economias agrícola e alimentar, com o propósito de prestar serviços de apoio à inovação no setor agroalimentar, apoiando a capacidade produtivas das empresas, através da transferência de conhecimento para as empresas, um trabalho que está a ser desenvolvido numa parceria entre a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, o Município de Santarém e a Escola Superior Agrária de Santarém, e que gostaríamos de apresentar ao Sr. Ministro”, acrescentou.

Para concluir, Nuno Russo destacou o papel das “empresas sedeadas em Santarém, e que nos acompanham no apoio à organização deste Fórum, pois tanto uma como a outra são empresas locais, de dimensão nacional, com projetos e negócios internacionais, e que muito contribuem para a economia portuguesa”. De que são exemplo a Asfertglobal e a EntoGreen.

Manuel Fernandes começou por saudar o Municipio de Santarém por acolher a iniciativa e o Jornal ECO pela organização “desta excelente iniciativa e que espero que se repita”. Um jornal “que dá eco à nossa agricultura e à agricultura sustentável. Que em boa hora, procura também que a coesão territorial, a descentralização, seja um dos vetores do desenvolvimento. Digo sempre, temos três pilares e não nos podemos esquecer: a competitividade, a coesão territorial e a sustentabilidade. Temos bons exemplos para mostrar, como aqui também demonstramos”, referiu.

O Ministro da Agricultura lembrou que “enfrentamos vários desafios à escala global: as alterações climáticas, a demografia, com o aumento da população, ainda há pouco tempo éramos sete mil milhões e hoje somos oito mil milhões. Até 2050, seremos 9,6 mil milhões. O que obriga, desde logo, ao aumento da produção alimentar. Um aumento de 60 por cento. Para além disso, ainda temos questões, nem sempre previstas, como guerras que temos de enfrentar e depois a inflação que surge. Uma Guerra que tarda em acabar, a agressão da Rússia à Ucrânia. Os agricultores têm aqui um papel vital, ainda que por vezes sejam considerados os vilões, o que é inaceitável, porque eles são os escultores das nossas paisagens e enfrentam situações adversas, nem sempre com o devido apoio”, lembrou.

Manuel Fernandes destacou o papel da “Politica Agrícola Comum (PAC) na previsibilidade e estabilidade, tal como o rendimento dos agricultores, que ganham menos de 40 por cento do que as outras classes profissionais, o que é inaceitável. Não se admirem depois que a média de idades, fique na União Europeia, nos 58 anos e em Portugal acima dos 64 anos. Temos de valorizar este setor, que tem uma mais-valia que não é só económica, porque também contribui para o nosso turismo, para a nossa gastronomia, para a nossa cultura e para as nossas paisagens”.

O Ministro considera para que o combate às alterações climáticas tenha sucesso, é preciso gradualismo, estar acompanhado de um Plano e Ação. Temos o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que vamos reprogramar ate 30 de junho, que tem como objetivo a produção integrada, a eficiência e os elementos essenciais para a sustentabilidade”. Medidas que o Ministro considera essenciais para as boas práticas, como a agricultura de precisão, sem esquecer o acesso dos territórios à Internet, tendo em conta a aqui são dos meios essenciais. A sustentabilidade tem três pilares: económico, ambiental e social, que devem estar aliados à investigação, à inovação e à digitalização. Sem esquecer a tecnologia de precisão e a Inteligência Artificial, para a otimização de processos e para a maximização da eficiência”, conclui.

De referir que, este foi o primeiro grande evento dedicado à Agricultura Sustentável em Portugal e que se pretende que seja de recorrência anual. O objetivo do Fórum da Agricultura Sustentável é debater, divulgar, amplificar e promover as boas práticas sustentáveis no setor agrícola, reforçando o reconhecimento, competência e compromisso social e ambiental do setor da Agricultura.

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